Essa é a minha identidade...

Eu preciso de uma amnésia momentânea. Forte o bastante, para que nesse curto período de tempo, me leve de mim. Fazendo-me esquecer quem sou eu. Quando a memória se esvai, vai com ela todo passado, identidade, marcas, raízes, lembranças e o ser “EU”. É esse ser que me doí e que peço que me deixes...

Ainda que fique como uma pilha seca ou bateria arriada, acredito eu, que é melhor do que está cavando meu tumulo com a pá afiada que é um coração quebrado. Prefiro ser um indigente à ser defunto. Eu grito tão forte que minha força se vai, a cada onda sonora disparada sem alvo, ecoando aqui dentro, e minha voz diminui assim como sou, pequenino e confuso.

Monto (sem querer) uma imagem que não me pertence, a de inabalável.

Inabalável eu? Não me conheces mesmo. Mas não os (as) julgo/culpo. Nem eu me conheço (mas sempre me surpreendo) e muitas vezes não dou espaço para me conhecer.

Sou água e óleo. Sou imisturável. Até que por fim, misturo pensamentos á passado, presente, lembranças, e uma sopa de letrinhas escrevo. Uma vitamina se fortalece no meu interior, e me desenho, com traços de textos, como uma criança rabiscando coloridamente a parede, assim faço. Coloro esse escudo estranho, trançado nas minhas mais obscuras entranhas, ressaltando seu mundo, preto e branco. Com vida, sem sentido. Pichando assim: -“ Esse sou eu, nas minhas mais sóbrias cenas”. Nem eu mesmo me entendo e escrevo... Na intenção de um dia me descobrir. Até lá estou vivo, mesmo que perdido. Essa é a minha identidade...