CLÁSSICO

Um dia quero ser um clássico, pois cada parte de nós é um deleite. Ainda mais quando os outonos são muitos. E, enquanto as folhas caem das árvores; aquelas mesmas que outrora eram verdes e rijas e que depois ficam amareladas e marrons, nós também nos modificamos. Felizmente, não apenas nas aparências, mas também no interior. Só que, diferentemente das folhas, nós evoluímos. E, sem perceber, ficamos mais interessantes, ainda que alguns insistam em contestá-lo. A idade passa a ser uma bênção e chegar a ter os tão temidos brancos é privilégio de poucos. E na lista de mudanças estão os finos grãos de açúcar, que mudam gradativamente o negro das asas da graúna para um tom de neve. E esse branco é uma explosão de cores; todas as cores da vida que vão aparecendo para mostrar que já passamos muitas horas desse lado e que os nossos olhos já captaram muito mais do que podíamos imaginar. As manchinhas são gotas de chocolate que o tempo nos dá para que aprendamos que a pele (esse órgão tão grande e importante) não é linear. Ela é como uma massa de bolo; algumas de chocolate; outras não. E cada gotinha representa a doçura que precisamos manter ao lidarmos com o outro. As rugas... ah, as rugas são desenhos que a natureza faz em nossos rostos, mãos e pés. É uma brincadeira do tempo para que aprendamos a manter o riso, sem medo de ser feliz. E o que dizer sobre as dores? Bom, elas podem ser apenas reflexos de como encaramos as situações da vida, por isso é preciso saber lidar com os sentimentos para evitá-las. Já imaginou que desconfortável ter “joelhos crocantes”? (risos) Enfim, cada modificação que o tempo faz em nossos corpos precisa ser encarada com certa positividade. Quero passar por todas essas fases de cabeça erguida e com essa consciência.