Fragmentos/da aldeia

Venho de poentes tardios

de espigas envelhecidas

de alvuras feridas de grãos supurados

sob o afresco do meu céu calcinado

venho sob todas as formas

ciprestres derramados

cedros machucados

pés analfabetos poemas queimados

venho de um tempo só de mim

fresta única de meus cílios escarpados

quando revolvo-me

das funduras dos meus olhos de pó

minhas páginas soterradas

expõe meus versos enrugados

na crosta dura da leveza incompreensível

dos fios tecidos

das impurezas das minhas louças quebradas

panelas ainda de ferro cheirosas me queimam

da escrita materna de casa