NEBULOSA...
NEBULOSAS...
Nebulosamente ela surgiu
E se instalou no velho sofá da sala.
Nada pediu, apenas se ofereceu
Com aquele olhar manso,
O sorriso cativante, o jeito maroto
movimentos lentos,
aquele balançar da cabeça.
ao ajeitar a densa cabeleira.
Convidativa ao quarto adentrou
Em instantes tudo arrumou.
No chuveiro se molhou,
Provocou, se espalhou em cada pingo
Ensopando com seu perfume
natural tudo ao derredor.
Ainda envolta no roupão
Alegremente na cama se espalhou
Aos poucos se soltou e se revelou
Voraz, felinamente caçadora
Senhora dos anéis, dos ais
Dos suspiros profundos
Das doces palavras, das risadas debochadas
Da descarada nudez estudada
Do orgulhoso revelo das inebriantes curvas
E reentrâncias, das elevações palpitantes.
Que imagem, inesquecível.
Etérea, misteriosa, partiu assim como chegou.
No ar, somente seu perfume restou.
Partiu sem se despedir
E ainda assim, para sempre ficou.
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)