Um invólucro, parte do ciclo genuíno

Sinto saudade da luz do sol e de quando o vento balançava a folha verde, o lar provisório que parecia tão meu, se assemelhava a uma fonte de vida, até eu perceber a força contínua e pacífica que balançava outro lar dentro de mim e me conduzia ao ponto em que me transformaria mais uma vez.

Agora sinto em meu corpo vulnerável e recolhido, os movimentos mais admiráveis acontecendo dentro desta casca, sei que isso mudará meus passos e como vou dá-los, sinto que tudo isso me levará a algo maior que agitos pelo vento. Talvez aquele mesmo sopro, que na minha memória me enlevava ao me tocar, me leve aonde eu nunca pensei que iria.

Dentro dos limites que rigorosamente me envolvem, percebo a vida que foi e a que está prestes a chegar, revelando que o ponto de transformação que me abriga e dissolve a minha forma antiga, que não é e nem jamais viria a ser meu lar. Meu lar é nos braços do vento que me alcançou e logo me tirará do chão ou deste casulo suspenso no ar. Aqui encontrei a melhor opção que é simplesmente é deixar a alma amainar e aguardar o tempo, abraçar em pensamento os motivos do vento, permitir à leveza me dominar por dentro, até abrir as novas asas, mesmo sem saber o que realmente elas são, e simplesmente voar na descoberta do meu genuíno "lugar".