Tempo de agradar.

São oito horas

Ainda não entendi

nem pretendo ser

autor do destino

que já chegou.

Já passou agora.

Penso que aprendi

e preciso logo ser

Além do menino

que nunca chorou.

Foram dez as horas

em que me perdi

já não quero saber

qual foi o desatino.

Qual o detonador?

Já não me cabe chorar

Já não me cabe sorrir

Já não me cabe ficar

Ainda posso sair?

Já não nos cabe sonhar

Será que posso dormir?

É possível que amanhã

Não exista um mundo

Não exista um lugar

Um relógio de manhã

Um sono profundo.

Ou algo a despertar.

Foi-se um dia agora.

Todos os dias são assim

Qual o último há de ser

Cortado num fio fino

à folha que nunca cortou?

Não há manhã à fora

há um tempo por vir?

É isso que há de ser

o eterno pelegrino

no caminho que traçou.

Ontem sozinho

hoje vou só andar

talvez faça caminho

ou hei de encontrar

se não tenho ninho

ainda posso voar.

É que sou passarinho

Não ando por gostar

talvez ainda me anime

bater as asas e alçar

num voo que me alinhe

e do alto consertar.

Tirar o tempo da hora

ou o relógio roubar

Fazer do dia um agora

Ver o sol sempre raiar

e tudo sem demora

Já que tudo vai parar.

Agora posso dormir

talvez possa sonhar

Poderei sair?

Insistirei no sorriso

pro paraíso agradar.