A Viajante Perdida

Casta, vulnerável... Já tivera lobos, uma matilha, e um dia também foi sonho; a solidão retorcida achou lugar naquele chão, e a noite insistia em dormir ali como uma sombra

Todos os pesadelos viviam escondidos nas pálpebras daquela viajante. Seus sonhos foram atirados à revelia ao vento que sacudia os montes iluminados e aos lobos que escalavam as montanhas. Animais que agora eram seus companheiros de andanças. Os amigos selvagens tinham estrelas vermelhas nos olhos, acho...

Ela guardou a esperança n'um embornal feito com cordas de cipó. Chorou quando não amanhecia, há tempos não via o dia que virara sombra junto a noite feito agonia.

Tinha agora os cabelos e dentes não escovados, sua rede balançava ao vento e estava vaga. Ouvia-se nas redondezas um gemido que ecoava pelos vales. Havia arrancado seu passado, mas ele estava ali ao lado, insistente como a noite não se despedia nunca!

Ora, a viajante de unhas afiadas ainda era uma mulher crua... Que pena não ter esquecido o passado para pensar em um futuro cheio de vida. Pena mesmo.

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 22/07/2017
Código do texto: T6061936
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