Desamor
Eram 4 da tarde. Chovia. Sentia uma angústia que lhe soava familiar. Caíam lágrimas-gotas. Purificação. Purgava as dores de desamores recentes. Inúmeros. Incontáveis. Milhares gotejos pela mesma figura... A maior das tormentas era a culpa. Urrava a urgência do fim. Fim da tristeza. Alívio. Fim do enlace. Sofreguidão. O peito inundava. Diafragma afogava. E mais e mais e mais chorava. Cansava. Aos deuses pedia clemência. Ouriçava os dramas. Investia. Arrancava os cabelos. Sofria. Confiava no alcance do fim. Aguardava encerrar a tristeza, tal qual pipoca devorada nos filmes de sessão da tarde. Rios que corriam. Pontes percorridas. Florestas ultrapassadas. Renovo. Chorava. Era como se a angústia renascesse de uma fonte imaculada. Aguardava. Racionalidade turva. Já não funcionava. Exausta. Pedia o desfecho. Enfim, cochilava...