Entre os dedos

Em forma de concha, as mãos tentam reter a água que escorre pelos dedos.

Conchas do mar, souvenir de criança num dia de praia.

Não tem como contar as areias do mar durante o dia,

Nem mesmo as estrelas em noites de lua cheia.

Muito menos os fios que voam desprendidos,

dos que ficam na escova ou que estão nascendo.

Não tem como contar.

As gotas daquela chuva no final da tarde, ao começar,

deixam marcas de pingos no chão, cheiro de chuva.

Não tem como contar.

As células que se multiplicam para secar a ferida,

Nem mesmo as gotas de sangue que escorreram antes,

ou quantas bactérias geraram pus e as ínguas.

Não tem como contar.

As conchas, as mais bonitas, separadas para recordar da praia,

Nove conchas. Seis eram feias.

Outras conchas ficaram enterradas naquela praia, nas areias,

banhadas pelas águas, que secam e molham, nas mudanças das marés, em noites e em dias.

Não tem como segurar o tempo,

Escorrem pelos dedos.

Anderson Heiz
Enviado por Anderson Heiz em 26/05/2017
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