Barata no estômago.

Meu estômago norteia essa náusea fria e suor na testa.

Sinto fome,ainda são vinte horas,qualquer obrigação torna -se como uma infinita estrada redundante.

Um aleatório de músicas das quais não têm sentido para mim agora reproduzem-se nebulosamente em meu juízo.

As palavras de quem lecionava naquele recinto abafado e encenado por gestos e olhares de indiferença aguçaram meus tímpanos e acentuaram o gosto da barriga vazia na minha boca, passei a mão na boca ressequida,enxuguei a fronte impaciente,franzi a testa para cumprimentar o rapaz que estava na minha frente, como que num gesto de enfado e tédio.

Repeti para mim mesmo que nunca mais sairia de casa sem dinheiro e com fome para trabalhar e estudar, analisei o armário de casa sentado naquela sala de aula, lembrei -me que não tinha quase nada...Recebo daqui a duas semanas.

Estou fodido e entregue ao acaso!

Sou só nessa cidade...

Não guardar dinheiro para o fim do mês é uma barata tonta no estômago.

Torquatto
Enviado por Torquatto em 29/04/2017
Código do texto: T5984961
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