NA MINHA INFÂNCIA INDEFESA.

Na minha infância indefesa fui acolhido no colo,

De quem por mim se importava e não me deixava só,

Exceto por falta de tempo, pois tinha a vida corrida,

Em uma senda sofrida na labuta do roçado,

Mesmo assim fui bem criado com a devida atenção,

E ainda expresso a gratidão pelos cuidados recebidos,

Nunca pensei em ser bandido, pois recebi boa criação,

Passado a fase de criança mergulhei na adolescência,

E comecei a pegar ciência dos contornos femininos,

Dos desejos escondidos designados de libido,

Pelos estudos da ciência, para mim é a saliência,

Exalada pelos poros que nos faz suar gelado,

Quando estamos tarados pelo feitiço feminino,

Ou sentimento traquino, impaciente e ofegante,

Quando não cabe em um instante adiá-lo é um tormento,

Nos remete ao sofrimento, quase sempre nos leva ao pranto,

Mais quando as almas se acertam e os dois corpos se fundem,

Os desejos se confundem, e um goza pelo outro,

E assim chegam ao paraíso sem invocar-se ao cinismo,

Dos desejos latifúndios, que são meras conveniências,

Nas trocas de opulências da beleza possuída,

Junto com os bens materiais isto é coisa de satanás,

Que desperdiçam nossas vidas.

LUSO POEMAS, 26/03/17