Ella (Parte 3)

Ella finalmente chegou em sua casa. Lar doce lar. Será que era mesmo? Sentia que na verdade era um ninho de dor onde seus sofrimentos poderiam pousar livres e em paz, sem ter que mascará-los com simpatia e sorrisos. No fundo isso era um alívio para ela.

Sentou-se no sofá, sua crise de abstinência havia começado. Necessitava de mais uma dose “dele”, só mais uma, seria a última vez. Mas no fundo ela sabia que uma dose nunca a satisfazia. Seriam necessárias muitas garrafas do seu favorito veneno. Vasculhou a adega de seu coração, e encontrou apenas vários litros de Ilusão, Saudade, Medo, Orgulho e Insegurança; E em seus 5 minutos de loucura misturou tudo e tomou num gole só. Quase matou-se nesse drinque de Amor Platônico, tentativa desesperada de afogar sua solidão.

Acordou com uma forte ressaca sentimental, então procurou suas pílulas de amor próprio a tempos perdidas em suas gavetas. Conseguiu encontra-las lá no fundo. Tomou-as, logo ficaria bem. Amor sempre lhe fazia mal, mas não conseguia ficar longe de seu vício. Demorou um pouco mas melhorou, e ela sabia que logo logo se embriagaria de paixão outra vez.