Saudade

Os estilhaços do que resultou de uma historia, que um dia teve vida e ficou no passado, às vezes não impede o ser humano de sofrer dos sintomas da saudade.

Basta um fiapo de acontecimento, ou nem isto; como relâmpago, destramela dentro o espetáculo "vip", a lembrança aparece, junto, a fome.

O duro, mesmo que o sujeito queira, não consegue explicar o gosto da saudade.

No trato, a saudade vai fundo, faz a vítima saborear comida requentada como fosse nova. O passado torna à vida, como pão fantasma que nunca saceia o vitimado.

Com cara de gente desnutrida fica o saudosista, volta tudo para dentro.

Se fosse para classificar, diria que a saudade é parente de primeiro grau da angústia, como fosse aquela que não é nem excessivamente mórbida, mas que não perde nada para a consanguínea, quando volta ao passado, e depois de alimentar do que já foi, desiste de voltar. Fica como água morna no caminho.

Saudade, faca de dois gumes, eleva e rebaixa, disponível para as emoções atuarem.

Ela acrescenta quando o móvel provém de boas lembranças, contribuindo para o reluzir do espirito rumo ao futuro, que submete TUDO à impermanencia...Esquecemos disto.

Pode ainda ser causa do regresso ou atraso do progresso no homem, que se volta para o passado, perdendo as forças para olhar para frente, não saindo de lá mais. Comparado neste caso, andando de botas na lama.

Selá!( pausa para meditação ).

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 23/03/2017
Código do texto: T5949501
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