Até hoje ainda choro
Eu tento não correr atrás dela. Finjo que está tudo bem comigo, que já ultrapassei toda a minha dor, mas é mentira. É tão estranho sentir-me ainda apaixonada, mesmo sabendo do que houve, do impacto que tudo aquilo teve e continua tendo na minha vida.
O meu grande erro é amar com uma mente conscientemente inconsciente, entregar-me por completo, amar com tudo em mim, com todo o detalhe da essência, do âmago, amar com tudo o que me compete, tudo o que me compõe, tudo o que me concerne, tudo de tudo que estrutura a pessoa que sou. O meu erro é valorizar, enaltecer ao outro mais do que à mim; olhar e ver mais ao outro e tão pouco à mim.
Este dilema enfraquece-me o ser, derruba a doçura que carrego na alma, descodifica todos os mistérios da pessoa que realmente sou. Às vezes penso que o amor mora no lugar errado, pois o mundo não sabe amar e nem está preparado para saber fazê-lo.
Hoje, mandei-lhe um poema meu que escrevi quando a ferida ainda estava intocável, contudo, nenhuma mensagem dela. Na verdade, já esperava que não se manifestasse, afinal o problema é comigo, eu é que a devo deixar em paz, com ou sem este sentimento, pois o encanto dela por mim, desapareceu há muito tempo. Já sinto os meus pés no chão, a minha mente racionalmente reactivada, por outro lado, este sentimento não me deixa em paz, parece um veneno. Talvez deva usar a frase " viva um dia de cada vez", não que não viva, talvez tenha de viver mais para mim e com o tempo todo este veneno desaparecerá do meu sangue, minh'alma.