A janela
Há um canto, perto da lareira, onde se encontra uma ilustre janela. Nela o reflexo da vida já incomoda os olhos do observador..
Seu material? Uma fina, gelada e frágil lâmina de vidro onde nada se expressa, seja com cores ou aromas. Nenhuma sensação viva passa pela translúcida e fria superfície.
Lá fora, uma peça. Aqui dentro, a trágica comédia. A janela que representa a distinção de dois mundos se acende, se ofusca e se perde em meio aos raios da tão esperada alvorada. Os cenários se confundem com a agitação dos corpos que se esquentam ao mais gentil contato.
A platéia hipócrita se levanta eufórica sem saber o porque. Risos e aplausos desesperados, suja imitação de suas falsas verdades. As cortinas descem.. e o silêncio é cruel.