Artistas

Somos artistas

Nesse mundo de máquinas,

Clamando pela honra,

E hora nos chamam fracassados,

Poesia na garganta entalada,

Pintura coberta pelo padrão

Monótono das muralhas,

Música calada pelo ruído das engrenagens,

Das quais querem que nos tornemos.

—Você não vale o que gasta!

—Aumento o preço do que consome.

—Pois o que faz não me agrada!

—Enche-me por aquilo que consome!

Então o bater do martelo,

Guilhotina preparada,

A cortar a cabeça de nossa liberdade,

Que aos poucos veio perdendo as asas

Então ela precisa ser ressuscitada,

A derradeira envenenada,

Poesia para tirar a calma,

De quem nos quer roubar a alma.

—Ei vagabundo com o que trabalha?

—Eu sou quem entalha o sentimento n'alma.

—Ei picareta, venha girar a roda.

—Dos que estão quietos tirarei a calma!

—Venha, darei um rio de dinheiro.

—Com palavras irei furar seus peitos!

—Vamos deixe de ser grosseiro, como isso lhe dará dinheiro?

—Silêncio, teus cinzas cobriremos com o nosso desenho.

—Você sofrerá enquanto me aposento!

—Que seja, vivemos a verdade, não para pagar o enterro.