ESSA DOR ABSURDA

Como um minerador, em busca do ouro,

ela escava o Meu Coração,

a Minha Alma...

a Minha Consciência...

Encontrando enfim a nascente das lágrimas,

que eu havia escondido, com extremo cuidado...

quando criança!

Ela descobre e me tira a vontade de comer,

de dormir,

de sonhar...

Eu não entendo... e isso me torna tão culpada

quanto àquele que sabe e teima em fomentar,

em infligir, aumentar...

infundir esse flagelo,

martírio sem nome...

A FOME...

de tudo...

e, com se fosse inocente...

consegue dormir!!!

Eu tenho insônia...

quando durmo, pesadelos...

a bilis invade minhas papilas salivares

e o gosto amargo do alimento não repartido,

trava minha garganta... não consigo engolir!

Os braços vazios sentem frio por não

acolher meus irmãos, quando sofrem.

Ah Mãe Terra, me perdoa, se possível...

não consigo encontrar o equilíbrio,

às margens dessa estrada à qual chamam VIDA...

feia, deformada, malcheirosa,

pontilhada de famintos,

doentes que se arrastam, perderam a fé num Senhor...

descrentes

desencantados...

escarnados até os ossos!!!

Gostaria de poder injetar o meu sangue em suas veias...

até nada restar para me suprir...

Mãe me perdoa, mais uma vez te suplico...

essa lição, não consigo assimilar:

“_____Nada vejo, nada ouço, portanto nada falo!”

Reprovada sempre sou por arguir a Onisciência...

Já conheço a palmatória, não resolve.

Ficar de joelhos? Também não!

Já sei, eis aqui minhas mãos, ambas...

se para nada servem, podes amputá-las...

assim poderei seguí-los, sem que me olhem de revés...

desconfiados de que sou um espião!

Mutilada estarei e pedirei que me ensinem a lição:

“_____Moço, uma esmola pelo AMOR DE DEUS!”

Adda nari Sussuarana
Enviado por Adda nari Sussuarana em 18/01/2017
Código do texto: T5885279
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