Saudades dos velhos tempos

"Sinto profunda saudade daquilo que não vivi.
Não por não querer fazê-lo, mas por não estar alí".

Viver naquela época, naquele momento histórico de plenitude, sorvendo todas as belezas da minha "Ilha dos Maracajás".
A ilha a qual refiro-me, localiza-se no Rio de Janeiro. Curiosamente, a Ilha do Governador é considerada um acidente geográfico na zona norte da cidade.
Composta de inúmeros bairros e praias  de recantos bucólicos, onde muitas gerações viveram e constituíram as suas famílias, num clima de paz e sintonia com a natureza.
 Para quem não conhece o Rio, muito menos a Ilha,  pelo menos se lembra do Aeroporto  do Galeão Tom Jobim em dia de último capítulo de novela, não é?
Para que todos entendam a minha saudade, vou relatar poeticamente a história da minha família lá pelos anos 30.
Meu avó, um alemão muito lindo e mais charmoso que o Brad Pitt, casou-se com a minha avó, uma bela jovem , baixinha que foi "Miss Piedade"- Só para esclarecer:Piedade é um bairro no subúrbio do Rio.
Até hoje não entendo como uma baixinha podia ser miss alguma coisa naquela época, mas isso não vem ao caso.
Meus avós vieram morar na Ilha,  e tiveram uma única filha- a minha mãe, que arrasava quarteirões de namorados,pois fazia o gênero mulherão, tipo Cláudia Raia.
Minha pequena família se originou nessa  ilha da fantasia, que era um paraíso onde só se podia chegar de barca, tendo uma linha de bonde circular, onde o transporte mais popular, eram as bicicletas.
As praias, cada uma mais linda que a outra. Águas cristalinas, muitos peixes, muitas árvore e pássaros coloridos.
Hoje só vemos isso em cartão postal e fotografia.
Sentada na varanda ouvia as histórias que meus avós e minha mãe contavam e sentia uma coisa estranha que apertava o meu peito e que eu não sabia explicar. 
Hoje eu sei o que sentia. 
Eu sentia saudades daqueles tempos que eles viveram e foram tão felizes, de um jeito que poucos tiveram o privilégio de ser.
Nesses anos todos , até os dias de hoje, tudo mudou, o encanto se foi com a chegada do "progresso".
Mas essa é uma outra história, que eu vou contar depois.