Cinzas e Fogo

O amor foi trocado no tabernáculo pela dor,

Um atalho que eu segui com olhos cegos

Correndo por todo esse caminho para encontrar

A dolorosa verdade terminal do nosso vil destino,

Onde a pureza e a inocência já morreram em nossas ações.

O rosto da beleza que morre e engana o nosso olhar,

Veleje para longe junto com o sol

Para nunca sentir as ausências que tanto ignoras.

Estamos livres mais uma vez para vagar no inferno!!!

Este mundo é um abismo pequeno e solitário,

Esta vida é uma gloriosa cela de prisão_

Solidão, compartilha a tua dor em meus braços cansados;

Tristeza_ seja tu a minha amante secreta até o fim;

Eu perdi a vontade de viver antes de nascer,

Será que isso vai passar?

Preciso de sonhos para seguir adiante,

Seguir determinado e com fé por caminhos enganosos.

O espelho vazio não mostra as mentiras que escodemos,

Reflexos de um outro rosto que enxertamos na cara,

Só a insignificância de nossa estupidez deve ser reconhecida,

Eu estou abandonado num lugar há muito tempo perdido

Aqui estou parado, completamente sozinho dentro de multidões;

Diante de uma cruz martirizada, minha consciência implora por um raio de alegria,

Enquanto o futuro humano lentamente sangra entre nossas mãos,

Despertado agora, enterro o passado

Coloco um fim nisso, chega de desgosto!

Caço a luz, atravesso os portões do paraíso divino exterminado,

Deixo esse cemitério tão florido de sonhos esquecidos.

Caminhando nessa vida enegrecida, nesta odisseia de desventuras,

Procurando pelas chaves que nos libertam de quem somos,

Do vazio, da futilidade, do medo, da dor que pesa no coração,

Pare de se esconder no vácuo de nossos castelos de ilusões,

E na hora mais difícil temos a coroa de espinhos de nossa perdição,

A dor e o poder fúnebres fortalecem o nosso coração desprezado,

Lendo entre as linhas dos remotos pergaminhos que nos enquadram

nos becos do pecado e da sarjeta moral.

Uma vida de rotina como uma ovelha na fila do matadouro,

Na escuridão, você sozinho pode ser divino;

Na sua hora mais difícil, você pode desenterrar estrelas cadentes;

Veja através das mentiras com a tua introspecção fúnebre

Então você brilhará na escuridão divina da libertação,

Levantando um altar de sacrifícios para os cadáveres dos deuses,

Assassinando através da neblina que encobrem os nossos olhos,

Estamos vivos? Quem pode saber!

Rotina da morte? Basta acordar para os malabarismos de viver.

Gritando e gritando na solidão do universo e do quarto,

Acordar para vida enquanto o mundo se suicida,

Veja o supremo altar do deus sol,

Nós derretemos diante de suas chamas

Crianças queimadas na fogueira dos dogmatismos,

Fadadas as correntes humanas e as lágrimas de um deus cego,

O fogo da intolerância acende o ódio em nossos corações,

Enquanto assistimos ao nosso mundo morrer

E das cinzas da morte nossa fênix de fogo se levantará.

Soldados lutando até a morte nos coliseus dos corruptos reis,

Condenados em armaduras chauvinistas para um último suspiro,

Cidadãos corretos escravizados pela decadência,

O pico do prazer nos espera em nossas tumbas cotidianas.

Fascistas eloquentes se enriquecem dos cadáveres dos homens,

Profetas do além cospem as verdades do santo vazio antropomórfico,

E os assassinos psicopatas das terras santas enjaulam as nossas almas,

Enquanto a morte dilacera e ri de nossas vidas patéticas.

Enquanto os nossos sonhos se transformam em poeiras celestiais,

Nós nos queimamos em nossas próprias chamas

e da entropia fecundamos cinzas e fogo genuínos,

Para que enfim possamos renascer e voar

Para além das fronteiras da realidade e de nossos horizontes.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 21/06/2017
Reeditado em 22/06/2017
Código do texto: T6033760
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