MISTÉRIO

Há um mistério
nesta colisão dessas almas
que, dos próprios deuses,
é desconhecido.

Quando o olhar
se nos concentra, num toque único,
Deixamos o mundo e contemplamos
a amplitude.

Nas ruas petrificadas
ou nas vielas escurecidas, os verbos
se aprisionam e se queimam
em ardor.

Nas águas turvas
ou nos límpidos rios navegamos,
peregrinos entre o vento que nos leva
sem destino.

___ densos.
___ insaciados.
___ intemerosos.
____ ilimitados.

Entregamo-nos!

Impossível amor,
pensariam os cegos dos castelos dos homens,
não fosse a indefinível força que
dos dois amantes emerge,

desafiadoramente,
para contemplarmos a vastidão em deleite,
voando, infixos, e se devorando vorazmente
antes das incertezas
do porvir.

Se a vida
é uma efemeridade passageira,
se a morte é uma certeza a assombrar,
e se o amor inconcebível é uma abstração,
resistimos.

Se me perdes o olhar,
hei de buscá-la;  se te perco o olhar,  hás de me buscar;
se alguma vez as sombras se nos apresentarem,
adentraremos a noite e nela também
nos entregaremos.

Sim,
há um mistério indecifrável nessas almas amantes,
andantes, peregrinas em terras
e mares desconhecidos,

atravessando
todas as estações, por veredas diversas,
escorregando pelos tempos e espaços,
entre luzes e sombras.

___ incompreendidas.
___ espessas.
___ insaciadas.
___ maculosas,

e sempiternamente,
entregamo-nos!
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 20/02/2017
Reeditado em 20/02/2017
Código do texto: T5918267
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