Minha querida sombra
Por onde andei,
O horizonte era uma linha distante,
E alcançar parecia impossível
Mas ficar era mais torturante.
Além do mais havia obstáculos no caminho
Não bastasse o cansaço e o torpor da viagem,
Na estrada deserta não estava sozinho.
Me seguia uma sombra obediente
Quanto mais desviava se fazia presente,
Logo notei que um sol reluzente
Mandava na sombra e em meu consciente.
Durante a viagem carregava um fardo,
Não era pesado mas tinha volume,
Não sei porque me puxava pro lado
Mas uma força estranha me colocava no prumo.
E segui assim obstinado
Começando bem cedo até a tardinha,
E logo que me via cansado
Ajustava o fardo com as forças que tinha.
E vendo que o raio de sol se esvaia,
Mirava ao longe num ponto que havia;
Tentava acertar num ponto de fuga
Pois o contraponto já não me servia.
Sem alternativa seguindo o caminho
Pois sem minha sombra, de novo sozinho,
Aguardo um pouco e amanhece o dia,
Lá está minha sombra, boa companhia.
Caraguatatuba, 3 de julho de 2013