Inquietações
São tantas as coisas que me inquietam,
As inverdades que acreditei,
As verdades que hoje sei.
O que tenho,
O que posso ter.
O que já não tenho,
E o que pode ser.
Não sei seu medo,
Mas o meu já me amedronta.
Encará-lo e vencê-lo?
Ou aceitar a derrota e render-me?
Muitas coisas me endurecem,
As ilusões já não me enrubecem.
Já não sou flor inocente,
Os espinhos sangram dormente.
Já não sei o caminho,
Já não permito sonhar.
Pesadelos me inquietam,
As verdades fazem chorar.
Tristezas hoje,
Alegrias de outrora,
Como podem as certezas irem embora?
Como podem ser incertas, dúvidas, inglórias?
Como posso eu, tanto amo merecer,
Antes acreditar que o faria ter,
Hoje temer que não tenha sido, e nem venha a ser.
Que mereço, doar ou receber?
Não poderia os dois conviver?
Por que confiar pode não ser o melhor?
Porque duvidar, sim, é o pior?
Nessa rima de palavras,
Já não tenho o que escrever.
Meu coração hoje chora,
Pelo que tenho, mas pareço não ter.
Pelo que sou, e pareço não ser.
Pelo que quero, e tudo indica, não merecer.
Por quê?
(Escrito em Janeiro/2015)