Ser solar

O dia amanhece

o sol rasgando o véu

feito flor sangrando de cor

a pálida nuvem.

Dentro de mim há muito tempo

nua, em um vazio obscuro

a alma grita

num desejo de ser banhada, acalorada

pelo sol que brame e inflama.

Eu, que em brasas, adormeço e acordo

e em vão me despido

ansiando que a luz adentre por minhas veias,

pelos poros, alma em pelo

Um desejo de que a boa energia more aqui

dentro de mim

todos as manhãs, até o anoitecer.

E assim quando rasga-se o véu do tempo

e o sol colore a vista

a alma salta primeiro

vai de encontro ao horizonte

mostrando-se ao astro por inteiro

quer norte, quer cor, quer ser ponte.

Há de chegar o dia,

em que minha alma seja só luz e brilho

e o calor da vida ofusque esse vazio que insta

demasiadamente em ferir.

Pois tem paz, a alma que sangra

quando raia o sol, neste ser solar.

Paula Belmino

Paula Belmino
Enviado por Paula Belmino em 28/06/2017
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