Para "Catarse?...É Catar-se!" de Facuri - (Com gravuras)


I


Entrelaças de tal modo
Teu texto com os da hidra
E as jornadas de rostos-vidas
Que os espelhos se quedam confusos

Sem saber direito que rosto refletem
E a isso maestria se chama
Também a dizer de algo grande sem nome
 - Algo grande demais não cabe nos nomes.

Uma hidra nunca fatal, senão inofensiva
Se mal causou, foi por destino do nome
Hidra, ao contrário da ‘lei azul’ de Zuleika
Que também sempre se quis só azul... Ai, que sina!

Uma ‘hóstia profana’. O encantamento
Sabe a mel no céu da boca
Boca sagrada-humana, vestal-bacante
Ah, o vinho, poeta, o vinho das palavras!

Grito enorme do passado
No presente tecido em esquecimentos.
Ecos já sem loucura nem sanidades precárias
Que se foram... Tempos, ah, os tempos...

Dizes de tudo isso em teu poema
Dizes de ti e de mim, dizes dos lobos
Dizes dos moinhos e dos ventos
E de metamorfoses e de heroísmos outros

Esses heroísmos que respiram
No anonimato dos dias e dos silêncios
Heroísmos titânicos
Na inglória luta dos nossos cotidianos

Heróis que respiram esperança
Em fundos haustos quando ela rareia
Esperança do mundo novo de que dizes
Em beleza.

Se os espelhos não sabem bem o que refletem
Eu decifro a eles: Vocês refletem
A beleza invisível que diz o poema
A beleza invisível que diz a vida.


Beijos, Zu.



I I


- Não falei do voo no cavalo alado mas 'voei junto'. -


Zuleika dos Reis


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