Amar
Amar
É tragar o indescritível espaço entre o corpo e alma, como se a pedra retorcida do ventre sufocasse desejos
Amar
É transitar entre o impossível tempo de agora e do ontem fugido, quando não achei um resto de mim
Amar
É lamber a língua na parte mas amarga, derreter o suor na parte mais doce, juntar dois pontos inversos
Amar
É assassinar um segundo da hora, pra tornar o tempo mais leve, embora o tempo seja insolúvel
Amar
É o apego da memória, o apego incontrolável de dividir o indivisível, de sofrer o aceitável na justa lucidez
Amar
É juntar o corpo perdido, juntar farrapos de histórias, como se o resto foi feito a palma da esmola
Amar
É deslizar o corpo no profundo mergulho do outro, se achar e perder num segundo antes do fim