Mero engano...

Tenho uma aparência só minha
Assim, pensam, os que me veem
Em tenra idade.
Mas, penso de vez em quando comigo
Isso, é um mero engano, eu sei..
Em outras roupagens vivi nesse mundo.
Sou uma velha caquética, hospedeira,
De um tempo, que, por ora me veste assim.
E as vezes me pergunto:
Sou eu que engano o tempo,
Ou o tempo é que me engana?
Sei que arrasto séculos entre mistérios,
E já pousei mil vezes na sepultura fria,
Onde virei alimento de vermes,
Que me roeram até os ossos,
Sob um silêncio tão meu.
E no catre da noite fria eu gemia...
Com o odor fétido que me embriagava
Enquanto minha consciência exclamava:
Oh, Deus...!! Quem dera ter morrido,
Antes, tal agonia na escuridão!!