BRECHAS
BRECHAS
Por entre duas pedras enormes
Eu construía
no meio
uma janela
Do outro lado ,duas árvores frondosas
e eu olhava por entre os galhos
A paisagem que eu via
era só um dia
Mas mesmo assim eu sorria
Vivia
De novo olhava amanhã
Eu olhava por entre duas bandas
de maçã
Esquecia a semente
Saboreava o miolo
toda contente
Alguns passarinhos soltos,
em si
Engaiolavam-se
E eu?
Eu voava...
Voava por entre dois telhados contínuos
E encolhendo-me, esgueirando-me
Passava pela falha
da telha
e lambia com avidez
o restinho do mel
do último pote
da última abelha
Vivia atrás de pesadas cortinas
Mas quando podia
tecia-lhe de rendas
E fazia rimas
E entre o claro e o escuro
sigo,
defendendo-me- das flechas
Procuro ser feliz nos instantes
Vivo nas
e das brechas...