CADA UMA DE NOSSAS ESTAÇÕES

Sonhávamos que poderíamos voar,

Até que as desilusões aprisionaram nossas asas em seus grilhões,

E um abismo se formava entre cada desejo e a linha de chegada,

Sem pontes e sem asas olhávamos para o céu a espera de um milagre.

O mundo ventava suas austeras tempestades,

Enquanto a ilusão era ouro que se perdia entre as mãos,

Queríamos gritar até ouvir os ecos de nossa voz,

Mas julgariam nossas insanidades sem qualquer misericórdia.

Então quando os abismos se formam,

E estamos sem asas para voar,

E não há ponte para atravessar,

A esperança sobrevivente diz que o fim não tem poder sobre nós.

Nos dias em que não puder ser a primavera,

Seja a flor que irá perfumar seu caminho,

Nas noites em que não puder ser uma constelação,

Seja a estrela que vai brilhar através da luz de seus olhos.

Há sempre um modo de chegar do outro lado,

Se o caminho for mais longo e difícil,

Para que sentar e esperar o milagre?

Para que se apressar e desistir na metade?

Somos pequenos universos na imensidão do mundo,

Um tempo próprio para cada uma de nossas estações,

Não ultrapasse os instantes, não se mantenha inerte,

Dê um passo por vez, chegaremos a tempo.

Um dia a flor solitária encontrará uma outra e juntas serão primavera,

Um dia a estrela solitária encontrará uma outra,

E no brilho daqueles olhares serão constelação,

E se ainda não pudermos voar, saberemos que chegamos a tempo.