MANIFESTO

quero um poema cravado em pedra

forjado em ponta de lança candente

quero o rompante, ímpeto sem regra

raio que fere, maná que alimente

poema que não se escreve em seda

porque meu coração é hard rock

quero a palavra como labareda

e a ousadia de uma belle époque

que escorra da mão como fina areia

arda nos olhos e queime na pele

o som agudo que lateja a veia

vibra nos pelos e a boca expele

eu quero a verve e não rima anestésica

enigma, signo, palimpsesto

que enovele a língua e defronte a lógica

motim, desassossego, manifesto

Helenice Priedols