Punhal da maldade
Ainda trago no semblante
A cicatriz do teu punhal.
Foste amiga, depois amante,
Minha inimiga no final.
Para quem tanto te quis bem,
Não poupaste tua maldade;
E como se eu fosse um ninguém,
Negaste até tua amizade.
Não te esqueças que o mundo dá
Muitas voltas, e tudo acaba.
A juventude passará,
E saudade não tem aldraba.
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N. do A. – Na ilustração, Mulher no Espelho de Théo van Rysselberghe (Bélgica, 1862 – França, 1926).