Literatura e Fome - ÀS CAROLINAS

Carolina de Jesus descreveu muito bem como é ter FOME,

Só quem sentiu na PELE pode entender;

Se tem COMIDA, come; mas se não tem, na barriga a PARASITA carcome.

E a ESPERANÇA vem num novo amanhecer.

Ela saía as três da matina,

E voltava com a lata d’água na cabeça;

Lá vai Carolina! Lá vem Carolina!

Antes mesmo que o dia amanheça.

Lá vinha Carolina com água para sustentar seu rebento;

Preparava o mingau porque não tinha pão;

Lá ia Carolina pra rua com a dor corroendo,

A procura de papelão.

Este fora a sua maior fonte de sustento,

Em dias de chuva era um desespero,

Sem dinheiro, a barriga roncava até o esvaecimento,

A fome era tanta, que chegava a ser um exagero.

Ainda ouvia-se alguém gritar:

-Olha a Pinguça!

Não meu senhor! É a fome que está a me tomar;

Portanto, meta-se com que é seu e o que não lhe cabe, não metas a fuça.

A FOME é uma roleta-russa,

O tambor vai girando,

A veia da garganta tanto pulsa,

E a cada giro o estômago vai APERTANDO.

Carolina retratou em seu diário,

A LUTA dos favelados pela sobrevivência;

A FOME foi seu maior calvário,

Mas quando faltava comida, sobrava RESILIÊNCIA!

E hoje, ainda percebemos com tamanha tristeza,

Que o tempo evoluiu, político muda a todo tempo no poder;

E a Favela? Ainda é favela com certeza, com a fome e a pobreza,

E AS CAROLINAS, continuam lutando com esperança em cada alvorecer.

(Poema dedicado a Carolina Maria de Jesus e muitas outras Carolinas que existem e resistem!)

Débora Ananda
Enviado por Débora Ananda em 16/08/2017
Código do texto: T6085193
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