ABANDONO

Outrora

cortava as águas

mar adentro

Vistoso, impetuoso, enfrentava o mar bravio

com galhardia

Tinha nome pomposo

AVANTE

Hoje

fundeado no porto

jaz

abandonado

Seu mastro, antes altaneiro

ali , quebrado , apodrecido

O vento

seu único visitante

varre

de tempos em tempos

os restos de madeira do convés

Parece um fóssil marinho

plantado na flor d'água

a espera de nada

Faz parte de uma paisagem que ninguém

ver

Uma carcaça

de um tempo sem voltas

que range

por qualquer marola

como lamentos

que não mais se escuta

O seu apito dizia

Avante, Avante, vamos desbravar

os mares do mundo

Ficou apenas na memória

dos que já morreram

dito
Enviado por dito em 18/07/2017
Reeditado em 19/07/2017
Código do texto: T6057729
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