MI SANGRE

Por que com o tempo nos distanciamos tanto?...

Por que permitimos que o medo da morte, da má sorte, nos afaste de nós?

Será a solidão abantesma terrível a nos trair o perdão?

Nos largamos de mão... deixamos de ser o que um dia sonhamos bem mais que humanos.

Nos tornamos ciganos, errantes, mundanos, erráticos inumanos sem brilho, sem luz.

Rosto que me cobre um capuz da vergonha de abandonar aquele que sonha sonhos que um dia sonhei.

Se a mim mesmo jurei ser fiel e leal aqueles de onde brotei e que de rebentos e de raízes procriei.

Falsas juras jurei e com juras conjurei o sangue do meu sangue.

Ser exangue, esvaído, covarde reprimido.

Ouço de ti o gemido de fracos a trair o próprio sangue.

Neste lamaçal, neste mangue.

Por vis e mesquinhas razões.

Ramiro Jarbas

25.06.2017