Ruas de papelão

A quem diga que a vida tem passado numa correria sem fim,

Esquecemos-nos de olhar para o lado.

Ao chão caído mais um,

Se ele tinha família e sonhos, ninguém se atreverá a perguntar.

É só mais um, perdido na escuridão de ruas que nos convidam a desconfiar da própria sombra.

Quando perdemos nossa humanidade?

Quando paramos de olhar para nossos semelhantes?

Será que nos assentamos em cadeiras tão altas que não enxergamos de onde estamos?

Uma legião de SERES HUMANOS, uma multidão de gente,

Era só uma criança e as estatísticas crescem.

Abandonados a própria sorte, retratos de quem nós somos, e de quem seremos.

Imaginários esculturados, Fragilizados pelo tempo.

- Joga argamassa neles, diz a dama vestida de finos trajes, talvez assim os fantasmas que nos assombram desaparecerão,

Como pó sobre a mobília.

Como ruídos anônimos,

Como um faminto na fila do pão.

Você consegue vê-los?

Você consegue ouvi-los?

Vinde, e vede as ruas que se constroem no frio, no abandono, castelos e ruas estreitas construídas de papelão.

( Isa de Campos)

Luana Leles
Enviado por Luana Leles em 24/06/2017
Código do texto: T6035826
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.