Se eu sigo por um caminho, nunca sigo só.

Vida minha

Leva os meus pensamentos para a liberdade

Dos vôos rasantes das gaivotas sobre as ondas de cristais

Deixa-me mergulhar nu sem cobertura alguma

Nas profundezas d’alma em busca do eu menino

Perdido nos devaneios, nos sonhos de brinquedos

Leva-me de arrasto cama afora para os campos

Cultivados dos milharais cacheados em espigas d’ouro

Liberta-me dos passos marcados, das horas cerradas

Que em marchas lentas seguem a rotina dos dias e

Confessam-se encolhidas no divã,

Como reféns da ociosidade da alma.

As minhas carências

São marcas que ficam na pele queimada,

Deixam feridas abertas, sulcos pela face

Vazios preenchidos pelo nada

Que muitas vezes é tudo o que nos sobra.

Subo aos pensamentos das auras sacerdotais

Beijo o mesmo chão que mancho com o meu suor

Abraço um mundo indiferente, sem emoção aparente

Para ele tanto faz.

Se eu vencerei ou perderei.

Não deixará de cobrar um quinhão sequer.

E me descubro indiferente com ele também

Se nada sou, ele também nada é

Apenas um simples calendário da morte.

Um simples sopro meu que não levanta poeira,

Voltará ao pó. E se confundirá com ele.

Mas ali eu estarei.

Até que seja o elo de uma nova emoção

Entre o mundo que deseja a vida e a vida que deseja o mundo.

Se eu sigo por um caminho, nunca sigo só.

Quem eu amo amparo no aconchego do meu coração.

Assim como eu deixo pegadas nas areias

O tilintar da luz das velas sobre cada bolo,

A cada ano,

Expandem mais o brilho do meu olhar pelas vidas amadas.

Assim por mais um ano deixo os meus sonhos, as minhas realizações

Repartidas e guardadas com todos os que eu amo.

Robertson
Enviado por Robertson em 21/06/2017
Código do texto: T6033741
Classificação de conteúdo: seguro