O CAVALEIRO NEGRO

Ah se soubesses o quanto é solitária, a vida peregrina que cruzo à armadura, talvez compreendesses minha mora temporária e as dúvidas que incomodam a tu'alma pura. Entendo a tua pressa em me encontrar tão breve, e vejo o teu furor com natural olhar, é próprio da paixão que a idade te oferta, de quem carrega à alma u'armadura leve, anseios impacientes de tanto esperar, o encontro com o amor em hora assim incerta.

Desejo intensamente, te libertem os sonhos, grilhão que impondo culpas te maltrata, dívidas cobradas de quem não as deve, constantes pesadelos temores bizonhos, roubando quimeras que te fazem falta e rubrando os teus sonhos brancos como a neve.

Por último vou pedir que não te canse a espera, pois hei de retornar da minha vil quimera, me vejo regressar sem a casca que carrego, e ai passo a temer que então já não me queiras, despido estarei e ai então me entrego, ao meu lado poeta dores verdadeiras, desta vida errante que me é destino, que me larga um velho e me apanhou menino.

(Uma missiva medieval pra uma destinatária legal)

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Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 17/06/2017
Reeditado em 19/06/2017
Código do texto: T6029630
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