Dentro da Tarde

A tarde seca e fria, de maio, do cerrado

Cheia de melancolia, deita o fim do dia

Sobre cabelos de fogo tão encarnado

Do horizonte, numa impetuosa poesia

A tarde seca e fria, de maio, do cerrado

O mistério, o silêncio partido pelo vento

No seu recolhimento de um entardecer

Sonolento no enturvar que desce lento

Do céu imenso, aveludado a esbater

No entardecer, seco, frio e, sedento

Perfumado de cheiro e encantamento

Numa carícia afogueada e de desejo

Seca e fria, à tarde, tal um sacramento

Se põe numa cadência de um realejo

Numa unção de vida, farto de portento

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

2017, maio - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 19/05/2017
Reeditado em 30/10/2019
Código do texto: T6003647
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