Mundo frio

Meu rosto, uma máscara

Detalhada e perfeita,

Feita para esconder

A dor que me rasga por dentro,

A marcas da mutilação

Feita na minh'alma.

Meu coração apodrecido e capenga

Caindo aos pedaços

Como as partes de alguém morto.

Meu corpo, desejo!

Um objeto para a diversão de todos

Que, com desprezo por meus sentimentos,

Abusam da minha disposição

Em tentar me apaixonar.

Amaldiçoado com o amor,

Filho de Afrodite, a bela,

Mãe do prazer e da felicidade.

Maltrata-me, pois nasci

Em um lugar onde o amor morre

Com os últimos suspiros entregues

Nos braços de minha assassina, a esperança.

Sem saber por quanto tempo eu aguento,

O caminho não existe

Eu caminho a esmo, perdido

Nas cores de um amor inventado,

Meu arco-íris de decepções,

Meu leque de vergonhas,

Meu cardápio de humilhações.

E eu me pergunto:

Vale o amor tudo isso?

Ou mereço ser para o mundo

Nada mais do que algo insignificante?

Quando qualquer coisa parece uma opção melhor do que eu

E eu engulo toda a dor, pra fingir

Que nada me atinge.

Nada me atinge, pois

Já estou em pedaços,

Cacos espalhados ao vento

Incapaz de me juntar

Incapaz de lutar.

O mundo é frio e grande demais.

As pessoas estão mais mortas do que eu.

Um cemitério global e cósmico

De almas perdidas e iludidas.

Um mundo de coisas belas que ninguém aproveita.

Um mundo que já se cansou de nós.

THR Oliveira
Enviado por THR Oliveira em 28/04/2017
Código do texto: T5983878
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