Certo

Vivo como quem repousa na mão

que prepara o que o tempo reserva...

Ah, se eu soubesse quanto tempo falta,

quanto cada fato lançado reverbera,

quiçá eu soubesse toda rima em meu espaço

e o tempo do verbo que teu verso revela,

perderia do esboço o traço,

o passo a passo lecionado na espera,

veria a verdade descendo ladeira abaixo

como água da chuva que escoa do alto da serra,

sozinho no próprio acaso controlado,

limitado no saber que desespera,

mas preferi o melhor pedaço

dividido e multiplicado sobre a Terra,

pra ser mais grato e colher do amor o abraço

que o presente e e futuro constroem

e a paciência conserva.