A CONCEIÇÃO

Sente o primeiro desejo

de gerar um filho

do teu próprio seio

alimentá-lo do teu útero,

a ânsia fecunda

de toda mulher:

gerar, parir, criar,

ser mãe!

E cada mês é mais uma alegria

A surpresa do primeiro movimento

Do primeiro chute!

Do primeiro espasmo!

E nos últimos meses te alucinas!

És esfera global!

Bola fecunda!

O enjôo, a ânsia, a vertigem!

O dilatar da bolsa:

A ruptura!

É o prelúdio do nascimento.

É a vontade de liberdade

Que o teu feto almeja, principia.

E te afliges, magoas, dolores!

Amas como nunca!

Te angustias!

Que grita, que salta!

Que quer liberdade!

Quer sentir o vento,

Quer ver o sol.

Existir amplamente!

E recoberto de sangue,

longe do manto-barriga,

Chora o choro dos récem-nascentes.

E te invades um sentimento tão puro!

Que nunca antes havia sentido!

Um amor forte. Inexplicável!

Coisas de mulher, de mãe!

Divinamente!

És mãe! E sentes um amor imenso!

Maior que seu próprio ser!

Que toda sua vida!

E choras contente de alegria!

E quando olhas, vês somente um vulto

por trás de lágrimas, o teu filho;

É o feto, a nova vida!

O resultado desta novenária hibernação:

de dor, sofrer, de choro, insônia.

E agora cantas, com coração festivo!

E choras o choro canção.

CARLOS MOREIRA
Enviado por CARLOS MOREIRA em 26/04/2017
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