Amontoado de Letras

Sou mais um alucinado

Meio desgovernado

Devoto exagerado

Vagando nas multidões

Querendo enfrentar sermões

E os seres superiores

Nesse amontoado de Letras

Encontro doutores - lições

Milhões de estrelas nesse universo

Paralelos ou circunflexos

Poetas escrevem versos

Em tantas variações

Medonho é buscar entender

Os motivos de um poeta

Sabe lá o que levam a escrever

Suas frustrações...

E se o seu consolo for a dor?

Ou o seu inimigo for o amor?

Mas, como também sou sonhador

Presto atenção nas suas colocações

Dá para decifrar suas razões?

Filosofar sobre as ilusões?

Claramente ou supostamente

Escondem dramas em seus corações...

São muitas declarações de amor perdidas

Gastando tão valioso português

Todavia não podem ficar escondidas

As poesias têm suas leis - concepções

Ah, amigo das publicações

Desde que o mundo é mundo

Existem poetas em divagações

Respondem à altura as retaliações

Não sei qual a mais bela ou qual a melhor

Pois poeta que é poeta sabe onde arroxar o nó

E, diga-se de passagem, tem uns muito bons

Com palavras profundas - poderosas ligações

Se por ventura, findarem as classes, deixem a dos poetas

Eles rabiscam, torcem, investem, capricham,

Problematizam as coisas certas e as incertas

Da literatura são excelentes guardiões

Perdoem as suas maluquices ou comparações

Ele fala da sociedade e suas imundices

Porém reflete nos poemas suas tagarelices

Escreve fervorosamente sobre as solidões

Poetas guardam as palavras em celeiros

Talham seus versos como carpinteiros

E esmeram-se em silêncios de dias inteiros

Taciturnos, por vezes, em suas melhores versões

Falam das flores e da natureza com perfeição

Mostram aos homens que vale sentir emoção

Mesclam os elementos de várias religiões

Estão no astral, no umbral, em todas as dimensões

Por mais que se explique não encontram explicações

Um metapoema, um soneto, grandes canções

Os raios, ventos, tempestades, sopram inspirações

Recitem os novos, mas não esqueçam jamais de Camões!