NA CALÇADA

Na ladeira lá da rua

Uma lágrima escorreu

Sobre a calçada nua

No claro branco da lua

Molhada com o pranto teu.

Nos sonhos dos desenganos

Tu dormes bem conformada

Dentro de teus oceanos

Marinheiros insanos

Atracam rente a calçada.

Crisântemos lírios e gardênias

Exalam de madrugada

Um cheiro que só as fêmeas

Trazem em suas frutas gêmeas

Ao sentarem na calçada.

No céu de um azul infindo

Vê-se uma tela pintada

Com o paraíso explodindo

E as virgens todas caindo

Como flores na calçada.

É noite brilham os astros

Na tua face dourada

E as luzes deixam um rastro

No teu corpo de alabastro

Enfeitando a calçada.

Andando em cor lilás

Com sianinha bordada

Os teu pecados fugas

São como neons de gaz

Sobre o vão da calçada.

Vou embora meu amor

Te deixo a noite ofertada

Sem beijar a tua flor

Sem sentir o teu sabor

No chão da minha calçada.

Mas vai comigo a esperança

Na minha alma plantada

A desejar com pujança

Ser minha tua aliança

Ser eu a tua calçada.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 27/03/2017
Reeditado em 29/03/2017
Código do texto: T5953467
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