Um tanto de mim, um tanto que quase esquecer
            O de prevalecer só na obscura partida sem adeus 
            Ser o que deveras santificado é uma valentia de ir
            Aceitando os escolhos, os tropeços, ser abismo...

            Mais adiante o escurecer do véu, horizonte vulto
            O meu andar roçante, indigno de andar à sombra 
            No meu sorriso raro a inequívoca andarilha muda
            Esse meu eu a vagar silencioso com a alvorada
            E o que sobra de meu pesar adianta os relógios! 

            Uma madrugada inculta e vagalumes que luzem
            E o meu corpo alquebrado na matilha de sonhos
            O céu que me vê se observa como eu ouso ver
            E louca empreitada de minha aventura à cegas....

            Minha conversa espalha fogo na fogueira e arde
            Que ninguém me escuta quando amei e iludir-me
            Caminhar em pedras roladas por limo insensato
            E sou a causa de meu destino, indo tão perdida
            O pisar de dama sem camélias, inerte florescer!

            Me acompanham folhas perdidas e nuvens nulas
            A minha recente primavera e fico vestida pra sair
            E coloco em meu alforge antigo a dôr renovada
            As nova esperança que abate os suaves enlevos

            Eu olho o que não vejo embaçada pelas névoas
            Ao meu lado alguém que invisivel me acariciará
            Esperança num mistério envolta por caravanas   
            Trago comigo a oração calada de quem amou...



Nota adicional: a obra da pintura acima tem autor que julgo digno de mostrar aqui. O quadro se chama "It Was You" de Audrey Kawasaki. Acrescentada aqui, como a iludir ilustração ao texto que evoco,  sem permisso por ora...
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 23/03/2017
Reeditado em 23/03/2017
Código do texto: T5950223
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