Dias de Margaridas

Hoje quero falar através dos silenciamentos,

Das tantas vozes abafadas,

Das dores sufocadas,

Dos ferimentos provocados e reabertos

Que dilaceram em tons rubros, misturados ao suor e às lágrimas.

Somo-me a essas rosas, castradas, sangradas, minguantes...

As Margaridas e as não-Margaridas em seus silêncios, suas vozes sufocadas,

Seus sonhos interrompidos, seus desejos abortados,

Seus frutos forçados, seus cortes latentes e profundos...

Suas vidas ceifadas.

Essas pétalas despetaladas pela imposição patriarcal

Pedem para passar...

Nos seus tons cinzas, olhares submissos, mãos calejadas,

Passos titubeantes pelos impérios dos M´s...

Mas elas gritam, e rasgam os mantos domesticáveis

E anunciam que seus corpos estão em rebelião

E fervilham numa revolução pessoal, porém coletiva...

E as Margaridas se somam e se erguem com voz imponente

E anunciam que dias de Margaridas se abrem em pétalas de liberdade.

Nila Poeta
Enviado por Nila Poeta em 21/03/2017
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