Dias de Margaridas
Hoje quero falar através dos silenciamentos,
Das tantas vozes abafadas,
Das dores sufocadas,
Dos ferimentos provocados e reabertos
Que dilaceram em tons rubros, misturados ao suor e às lágrimas.
Somo-me a essas rosas, castradas, sangradas, minguantes...
As Margaridas e as não-Margaridas em seus silêncios, suas vozes sufocadas,
Seus sonhos interrompidos, seus desejos abortados,
Seus frutos forçados, seus cortes latentes e profundos...
Suas vidas ceifadas.
Essas pétalas despetaladas pela imposição patriarcal
Pedem para passar...
Nos seus tons cinzas, olhares submissos, mãos calejadas,
Passos titubeantes pelos impérios dos M´s...
Mas elas gritam, e rasgam os mantos domesticáveis
E anunciam que seus corpos estão em rebelião
E fervilham numa revolução pessoal, porém coletiva...
E as Margaridas se somam e se erguem com voz imponente
E anunciam que dias de Margaridas se abrem em pétalas de liberdade.