RATAZANAS

Estupefato, à luz do dia,

eu sempre via

a coreografia das ratazanas

as quais saiam dos seus palácios

e sempre iam honrar contratos

e todos pactos de vilania.

Estupefato, à luz do dia,

eu sempre via na geografia:

as ratazanas que fluíam

pelo estado, qual fossem gatos

que davam botes, levavam o ouro

e, estando longe dos holofotes,

davam de chicote

em quem, do povo,

louco, se inflama

de modo arrogado

contra as ratazanas

que roubam o estado...

Estupefato, à luz do dia,

eu muito via tal vilania:

qual lobos em matilhas,

as ratazanas sempre saíam

todos os dias, por todos lados

de nosso estado.

E, de sobejo, eu via e vejo:

que ratazanas, à luz do dia,

por tudo andam e tudo pilham

deixando o estado

extenuado, combalido

e seus pobres filhos

bem mal nutridos,

num mal estado:

desassistidos e maltrapilhos,

qual todo povo

que pelos lobos

vive pilhado...

(Luiz Carlos Flávio)