Espetáculo sepulcral

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Espetáculo sepulcral - Henrique de Albuquerque

O dia em que esta vida eu deixar,

será o dia em que meu tenro corpo, há de se acabar.

Quando a congelante agonia por minha garganta ventilar,

novamente,

o vácuo eterno irá se glorificar:

não podes mais gritar,

não podes mais se expressar,

mas acomode-se contento,

admire pois sua pele crescer, como com fermento

pois agora somente este forro sob ti irá te consolar,

e este fino cedro seus ossos irá resguardar.

E, quando finalmente munida do breve e longo tempo

a biologia pútrida sobre meu corpo se saciar

sentirei-me salvo, mesmo que ao mesmo tempo

que minha antes vívida energia,

cineticamente,

se esgueirar.

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