Poetas morrem sozinhos

A folha amassada estava sob a mesa

Eu a observava de canto, à distância

Remoendo a tristeza

Proveniente da minha própria ganância.

A tinta já ressacada

Não aguenta mais repousar

No delírio de uma mente cansada

Que ainda se esforça para lembrar.

Recordações de uma vida passada vêm e vão

As memórias recentes foram levadas

E há apenas um borrão

De composições não terminadas.

Olho para o porta retrato

Um rosto familiar...

Oh, pobre coração insensato!

Escolhestes a pessoa errada para amar.

A obscuridade não me permite ter clareza

Perdoe-me pela confusão

Mas compor já não tem mais a mesma beleza

Desde a minha última desilusão.

As pílulas não têm mais efeito

Não sei nem mesmo meu nome

Não há como ser desfeito

A doença que me consome.

Há muito tempo me disseram

Que poetas morrem sozinhos e frustrados

Mas acho que eles é que se esqueceram

Que poetas morrem com segredos nunca revelados.

Giulianna Loffredo
Enviado por Giulianna Loffredo em 19/03/2017
Reeditado em 19/03/2017
Código do texto: T5945998
Classificação de conteúdo: seguro