CHARLA GALPONEIRA

Pelos vazios do galpão

Ecoam os alaridos

A indiada acomoda os cepos

No chão de cupim batido

Dedilha o pinho um torena

Relata fatos da vida

As labaredas alumian

Sembrantes de pele curtida

A fumaça se alastra

Entre os caibros do galpão

Tingindo de picumã

Pelas fagulhas do fogão

Se entretendo a peonada

Pelas charla galponeiras

Vai proseando nos acordes

Um milongão de fronteira

Recordações e saudades

De passagem ja vividas

Dos amores e percantas

Tantas ganhas e perdidas

Quando o sono negaceia

Convidando pro sossego

Sobra um catre despilchado

Pra estender os pegos

Aos pouco o alarido se cala

Sobe o breu da escorridão

A passarada ja aninhada

Pelos beirais do galpão

O sombreiro preto da noite

Da guarida a vida animal

Os grilos retinam cantos

Quebrando a solidão local

Canta um galo atora a noite

Já amiudando a clarinada

No rasto da madrugada

O dia ja vem tropereando

Culatreando a escuridão

Nas róseas seda da aurora

Aponta um sol maragato

Sangrado pelo garrão

ZECADIVINO
Enviado por ZECADIVINO em 04/03/2017
Reeditado em 12/03/2017
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