Evangelho das almas

Como em tantos olhares doces,

Ternamente vazios, trago aqui

Em meu ser as palavras leves

De um evangelho diabolicamente

Divino soprados em meus ouvidos

Calejados no silencioso acalanto

Dos gritos silenciosos pelas

Almas, vivas e mortas, que deslizam

Flutuantes ao meu redor, guiando

Meus rápidos passos vacilantes

Em direção ao meu sombrio destino.

Dormitando acordada ao relento

De meu aconchegante ventre seco,

Sigo mergulhando nas sombras

Em pregação de um quase esquecido

Evangelho de almas, acorrentada

Pelo prazer de sentir em meu já

Morto coração pulsante as cálidas

Batidas que ecoam os medonhos

Sussurros depositados em minhas

Veias, palavras outrora mortas

Na angústia de permamecer aqui

Ao renascer etéreo de minha

Carne a pulsar nesses versículos

Marcados a impulsionar o doce

Negrume de meu sangue dormido.

Karen Samira Yagami
Enviado por Karen Samira Yagami em 24/02/2017
Código do texto: T5923174
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