BITOLADA?

" a pior prisão é uma mente fechada"

A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.

Oliver Wendell Holmes Sr.

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Ps 1>>> Vamos falar de política SIM, o momento é Político e SOCIAL.

Ps 2>>>A resistência é poética e este é um tempo de PARTIDO, tempo de homens PARTIDOS.

[...]

O poeta

declina de toda responsabilidade

na marcha do mundo capitalista

e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas

promete ajudar

a destruí-lo

como uma pedreira, uma floresta,

um verme.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

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Digo adeus à ilusão

mas não ao mundo. Mas não à vida,

meu reduto e meu reino.

Do salário injusto,

da punição injusta,

da humilhação, da tortura,

do terror,

retiramos algo e com ele construímos um artefato

um poema

uma bandeira

FERREIRA GULLAR

________ A poeta é testemunha de uma realidade injusta e dilacerada. A poeta abre caminho pela sátira e pela ironia fumegante; pela consciência revolucionária que se compadece com as mazelas do presente; pela poesia terrena, perigosa e comunicante. Por isso a resistência é poética, principalmente pela crítica direta ou velada à

essa desordem do momento(e de há tempos é essa desordem); aqui ou em qualquer canto; sempre existirá à BOCA para falar. ___

“Se você é neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado do opressor.” (Desmond Tutu)

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NÃO HÁ VAGAS PARA UM POEMA CALADO

Vivo (vivemos) esse *um tempo, onde não há espaço para a poesia ingênua e sublime; (lamento) é esse o tempo, está assim o momento, ela (a ingênua e terna poesia) um dia deve voltar (um dia) certamente voltará, mas agora, agora é esse voltar-se para esse tempo; (não há tempo para esse "vadiar" nas e das letras); não ao menos na poética desta poeta; esse voltar-se poético, está voltado à vida poética social-critica; essa é uma forma de protesto contra a desumanização crescente, inerente ao excesso desse mundo capitalista. É onde paira o olhar desta poeta neste momento, é onde paira (e onde está parada e não amparada); o valor? O valor é remexer nessa sujeira da subvida brasileira, nessa realidade árida do cotidiano maquiado de bom e de bem e pra piorar o momento: Execrando, sujando, invocando em vão o nome de Deus; Deus? Limpes vós essa sujeirada toda; não aplaquem as vossas panelas! Não durmo; acordem-se entre vocês! Estou acordada. Não há acordo. A poética da poeta está nessas intempéries desse nosso tempo; esse é o preço; tempo esse pertencente aos livros de dentro, de Dentro da noite veloz; das noites brancas, de estar embriagada (de vinho, de poesia ou de virtudes), todavia não possuo virtudes, adoro vinho e poesia; embriago-me de poesia para suportar o terrível fardo desses dias; dias de escures moral.

NÃO HÁ VAGAS

O preço do feijão

não cabe no poema. O preço

do arroz

não cabe no poema.

Não cabem no poema o gás

a luz do telefone

a sonegação

do leite

da carne

do açúcar

do pão

O funcionário público

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada

em arquivos.

Como não cabe no poema

o operário

que esmerila seu dia de aço

e carvão

nas oficinas escuras

— porque o poema, senhores,

está fechado:

“não há vagas”

Só cabe no poema

o homem sem estômago

a mulher de nuvens

a fruta sem preço

O poema, senhores,

não fede

nem cheira

(GULLAR, 2001, p. 162)

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O ANALFABETO POLÍTICO

O pior analfabeto

é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala,

nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo da vida,

o preço do feijão, do peixe, da farinha,

do aluguel, do sapato e do remédio

dependem das decisões políticas.

O analfabeto político

é tão burro que se orgulha

e estufa o peito dizendo

que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,

da sua ignorância política

nasce a prostituta, o menor abandonado

e o pior de todos os bandidos:

O político vigarista,

pilantra, corrupto e lacaio

das empresas nacionais e multinacionais. (B.Brecht)

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NOTA NECESSÁRIA:

As narrativas ou tentativas de ensaios que enveredam a poética dos meus poemas não conseguem ficar no (ingênuo poema do belo). O momento não é belo. Como silenciar hipocritamente alheia a realidade grosseira; o retrato da podridão social; dos conflitos e da fragilidade econômica e política do meu país. Como calar? __________ O espaço do poema precisa ser e está aberto à vida do arroz com feijão, do funcionário público, do aposentado, do operário, do pequeno agricultor, do menor abandonado, do injustiçado, do capitalismo que torna a vida escrava do dinheiro. O poema que esconde a lista de preços do sofrimento e a informação do trabalhador não é um poema; mas um usurpador. Como será possível avançar com uma nau Literária se não puder olhar para aqueles que têm um salário de fome? É inútil e desprezível. Desculpem-me, eu não consigo. Então admito, sim! Eu sou bitolada. Eu bato e vou bater na mesma tecla sim. Gullar escancara sua crítica pela expressão seca, pelo brado irônico, pelas palavras rudes, que ferem, utilizando-se de uma linguagem discursiva em seu tempo, e através da qual chega ao dia-a-dia grave, ao submundo da amarga consciência humana. A resistência poética em Gullar, é principalmente pela negação à desordem, ou à falsa ordem, imposta em tempos incongruentes; essa selva (des)humana como foi e é. A poeta abre caminho pela sátira e bebe em FONTES SIM! Bebe sim! Fundamenta-se SIM e não nego. NINGUÉM ME PAGA PARA LER. Eu leio porque eu QUERO. Eu escrevo porque eu quero e não quero calar. Prego o distrato ou desperto o distraído? Meu desejo de liberdade vem pela força da escrita.

beijos

E por fim>>>> Há POEMAS de 10 ANOS postados nesta SALA. Falar, discutir, poetar sobre poesia-política Social-critica nunca foi "MODINHA" para mim. Fiquem a vontade Senhores!

E sim, eu bebo em fontes. Quem de vós é autodidata em poesia?

INSPIRA - EXPIRA - POETE-SE - E NÃO PIRA

Serpente Angel
Enviado por Serpente Angel em 23/02/2017
Reeditado em 23/02/2017
Código do texto: T5921886
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